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Enviado pelo pastor da Igreja no Grupo
O difícil da missão é tentar fazer de forma diferente sem mudar a essência pois a mesma é responsável pela corrupção e onde os homens se perdem
O reinado de Cristo
“Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo de teus pés” (Sl 110.1).
A verdade central que governa a Escritura é o conceito da soberania de Deus. Se não fosse atributo incomunicável da divindade, a revelação seria, no máximo, o relato das intenções de um ser que tem o desejo de fazer algo, mas que não tem capacidade de garantir seu cumprimento. No entanto, uma vez que Deus é o originador de toda a existência, que a hospeda em seu ser, não há como não a determinar, inclinando-a segundo a sua vontade, a fim de que todos os acontecimentos se desloquem exatamente na direção daquilo que já determinou. Outro fator que destaca a soberania de Deus é o fato de “ser” a eternidade. Nós fomos criados para habitar um local, uma dimensão específica. Ora, quem criou o lugar da habitação de Deus? Ele não habita lugares! O seu ser é também o habitat de sua existência. Assim, como único que existe por si mesmo, é necessariamente o lócus de tudo o que criou, emprestando sua existência para existirmos nele.
A queda trouxe uma fratura entre a existência do homem e a de Deus. Criado imagem e semelhança do Criador, o ser humano vivia Deus no ser de Deus. No entanto, quando desprezou o Criador buscando ser um deus para si, passou a viver a si mesmo no ser divino. Essa incongruência, Deus a corrigiu na encarnação, na qual a humanidade e a divindade se encontram eternamente em plena e perfeita harmonia. O propósito final do Senhor é que ele seja tudo em todos, quando o homem retornará àquela vida exuberante que havia no início. Criado à imagem e semelhança de Deus era também Casa de Deus, templo de seu Espírito.
A soberania de Deus não se dá por coerção, embora atualmente se expresse como uma obrigação para seres morais caídos. Exatamente por serem obrigados à obediência é que serão condenados todos os que não cumprirem a vontade divina. Contudo, não há coerção. De forma gloriosa e incompreensível à mente humana, o Senhor dirige todas as coisas através da existência perfeita e da livre-vontade dos seres espirituais que não caíram, bem como, da livre-agência de crentes, ímpios e demônios. De forma assombrosamente maravilhosa, conduz todas as coisas ao seu devido fim, através da liberdade do agir de cada ser.
O verso epigrafado expressa a devolução do reino da Criação física à humanidade filha de Deus. Percebemos a ocorrência de dois termos para se referir a Deus. O primeiro ocorre com todas as letras maiúsculas, indicando que na língua hebraica está ali o nome de Deus: Yahweh. O segundo é adonai, que quer dizer exatamente “senhor”, “dono”. Assim, literalmente, Davi escreveu: “Disse Yahweh ao meu dono”. Ele divisa duas personalidades: o Deus trino e o seu Messias. Davi reconhece que deve sujeição e obediência a ambos, uma vez que o Messias é equiparado a Yahweh. Aí está o mistério da encarnação. Deus se faz homem para assumir o governo perdido pelos homens.
O verso epigrafado também mostra como o Senhor o faz: derrotando os inimigos do Messias, que são também os nossos inimigos. Entendamos, portanto, como Deus implementou seu propósito eterno. Ao assumir uma natureza humana, jamais deixará de ser homem também. Na encarnação, o Criador entrou na Criação para habitá-la como criatura. Um dos motivos de Deus ter criado o ser humano sua imagem e semelhança é porque um dia haveria de ser homem. Dessa forma, trouxe à existência um ente que é compatível consigo mesmo. A imagem e semelhança do Criador no homem pode ser descrita da seguinte forma: se Deus fosse uma criatura, seria um homem. E quando assumiu lugar na existência criada foi exatamente como homem.
Dessa forma, a criatura humana não se perderá, garantido pelo fato de que o próprio Criador se tornou também uma delas. Certamente, não apenas se encarnou, mas cumpriu a parte humana na aliança e quitou a dívida de sangue. Com isso, esmagou a cabeça da serpente, custando a própria vida do Messias. Jesus se assentou à direita de seu Pai acima de todos os poderes, segundo o que vemos no verso epigrafado. Como diz Paulo: “o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro” (Ef 1.20, 21). A vitória definitiva de Cristo já ocorreu e seu reinado já se dá hoje. Governando sobre tudo e todos, faz com que seu reino seja paulatinamente implantado, extirpando o reino das trevas, a soma do diabo, seus anjos e todos os ímpios.
O “avanço” do reino das trevas que vemos hoje já foi antecipado. Ao invés de derrota, significa a vitória da igreja cuja plenitude se aproxima velozmente. É necessário que tudo isso se cumpra para que o Cristo retorne em toda sua glória. Ao invés de temermos os acontecimentos, o mal que se multiplica, conservemos a pureza, a santidade, a serenidade, descansando nas soberanas mãos de Deus, tranquilos à sombra do Onipotente. Tenha um abençoado dia na presença de Jesus (Rev. Jair de Almeida Junior).